quinta-feira, 8 de março de 2007

Semiótica e simplicidade


Teoria dos signos, ou semiótica, pode dizer muito a respeito de projetos para o varejo.
Ela estuda a linguagem utilizada para o pensamento, que ao contrário do que acreditamos nem sempre é formada pelo idioma, mas composta de signos. Não pensamos sempre com palavras. Se algo é bonito, esse pensamento "bonito" não foi gerado a partir de palavras, nem mesmo de imagens, tudo aconteceu lá dentro do nosso pensamento através de relações de sentidos verticais (sintagmas) e horizontais (paradigmas). 1 e 2 são números e portanto são paradgmas, mas 2 e tabuada têm uma relação sintagmática pois um está inserido dentro do outro. Beleza então é o produto não verbal, ou icônico, das relações que firmamos entre a coisa analisada e outros conceitos não verbalizados e nem raciocinados, como equilibrio, proporcionalidade, funcionalidade, limpeza e por aí vai.

Esse negócio um tanto chato nada mais é que um argumento para valorizar projetos dotados de simpliciadade.

Às vezes nos esforçamos muito para fazer um projeto interessante, mas nos perdemos em tantas complicações que esquecemos que todo o produto prático do nosso trabalho, no fim, vai ser convertido em signos. E os signos terão que funcionar a favor do empreendimento. A marca do cliente ( tudo tem uma marca) será um signo melhor ou pior posicionado nas relações de comparação sintagmáticas (ou em comparação aos concorrentes). O ambiente projetado nada mais será que um signo armazenado na mente do consumidor, gerando emoções e impressões positivas e negativas. A compra será efetuada ou não dependendo da qualidade das mensagens até o momento de decisão, incluindo a mensagem do próprio produto .

Que me perdoe onde estiver o mestre Décio Pignatari se não concordar: fazer aquitetura de varejo eficiente é gerar signos que induzem à compra. Construir uma instalação de varejo é montar uma mensagem icônica que será injetada como droga na veia do consumidor. Quanto mais pura e simples a mensagem, maior a força e o efeito.

Simplicidade é tudo.


Claudio Yoshimura

3 comentários:

Anônimo disse...

Três coisas fundamentais na vida de qualquer empresário: relações públicas, terapeuta (este basta ter mãe que já precisa) e um bom arquiteto.

Anônimo disse...

Se em arquitetura de varejo não tem signos de montão que ajudam a vender para nós "as massas" consumir desenbestadamente, me diz onde tem então. Mas se me perguntar sobre um "signo" agora, não sei dizer onde tem não. Acho que a idéia é essa, fazer o caminho do inconsciente porque na razão, não se consumiria grande coisa não...

Anônimo disse...

Tive a sorte de fazer minha pós-graduação no Senac Campinas em Design de Interiores com discípulos da grande Lucrécia Ferrara. E, realmente, entender os conceitos de semiótica abriram novas formas de pensar um projeto e de entender a visão e a importancia de trabalhar os significados. Para mim foi algo valioso que continuo a explorar em leituras e estudos dos textos. Vale muito a pena se aprofundar neste tema!
autor: Ana Paula Barbosa Barros - 14/09/2009