quinta-feira, 8 de março de 2007

O problema da arquitetura é o arquiteto


O título deste texto pode parecer uma ofensa, mas vamos tentar ver um pouco além.

O fato é que sempre encontrei muita resistência por parte de fornecedores e engenheiros quando ficam sabendo que irão trabalhar em uma obra dirigida ou fiscalizada por um arquiteto. A reação pode ser pior quando descobrem que somos uma construtora legalmente estabelecida em todas as esferas com um currículo que inclui obras civis de grande porte.

Com o passar do tempo um deles me disse:-"Pensei que você fosse como os outros". A frase acabou por aí, sem mais explicações, como se a verdade já fosse conhecida de todos. Essa verdade para muitas pessoas, é que a maioria dos arquitetos são difíceis de se relacionar no trabalho, são pessoas normalmente banhadas de orgulho, ou prepotência, ou presunção, ou um pouco de tudo isso temperado com uma certa incapacidade prática ou técnica.

Não tenham dúvida que compreendo o motivo disso acontecer e que realmente sou arquiteto formado na FAU-USP (como diz aqui na minha carteirinha do CREA). Lá na faculdade aprendi que isso tende ser verdade. No segundo ano de graduação me senti obrigado a procurar um curso prático de obras no Senai, onde consegui com alívio um diploma de pedreiro, escapando da maldição de ser visto como artista acima dos mortais.
Mas de onde vem essa distorção? Será que a culpa são os livros de história, onde todos os arquitetos estudados são retratados como heróis da civilização e da arte?

Diante dessa história mal contada, procuro sofrer menos agindo com profissionalismo e com um certo grau de humildade, buscando o trabalho em equipe. Na maioria das vezes um encarregado de forro pode ter melhores idéias que as minhas.

Noto a surpresa dos clientes quando digo que todos os projetos serão aprovados por ele e que farei quantas modificações forem necessárias, como também terei condições de fazer uma estimativa de custos logo no início e depois nos contratar para a execução a preço global e prazos definidos. O que ele esperava ouvir é que não faço nada disso e daquilo, que copiarei tudo o que fazem fora do país e que prepare sua conta bancária para reliazar os meus sonhos.

Então, fico sem palavras quando um colega comenta as dificuldades financeiras e a baixa remuneração dos projetos.


Claudio Yoshimura

10 comentários:

Hamilton Furtado disse...

Gostei disso.

Abraço e parabéns pelo blog!

Hamilton, Arquiteto, Designer e mortal.

Claudio C. Yoshimura disse...

Caro amigo Hamilton

Saudações em nome da família.

Abraços para todos.

Anônimo disse...

Dizem que a profissão anda meio esgotada, não dá mais dinheiro. Como nas outras profissiões, tem uma revolução acontecendo, que é a da centralidade do cliente. A partir da sua perspectiva é que o serviço tem que ser moldado.
Chega de não saber mais que estamos comprando, chega de surpresas no final, chega de honorários extorsivos que não entregam valor! Viva arquitetos que entendem que o que estão vendendo é um serviço como qualquer outro.

Claudio C. Yoshimura disse...

Perfeitamente!

Rodrigo Oliveira disse...

Parabéns pelo blog.
ME chamo Rodrigo Tenho 18 anos desde pequeno sempre que pediam para fazer um desenho desenhava uma casa.desde cedo veio essa paixão mas só agora com 18 anos que fui perceber para onde isso iria me levar.estou estudando para prestar vestibular para arquitetura.Trabalho com o software Rhinoceros .Trabalhava inicialmente na área do calçado porém agora estou focado na arquitetura nesta segunda feira comecei a modelar minha casa.SErá meu primeiro projeto.DIA 6 de junho iniciarei um CUrso de 3dSMAx outro programa de modelagem 3D o qual pretendo utilizar para trabalhar com maquetes eletrônicas.mE empolguei mais ainda ao ler seu BLOG.GOstaria muito de no futuro poder pensar como vocÊ .MUito Obrigado seu blog está de parabéns e você também
FOrte abraço

oventotkd@hotmail.com

Claudio C. Yoshimura disse...

Rodrigo, obrigado pelo incentivo! O espaço do blog está aberto a suas postagens também, mande seus textos sobre o seu envolvimento com o tema para claudio@yav.com.br que estará publicado entre os demais. Boa carreira, encontraremos por ái. Claudio.

leandro almeida disse...

Olá,

Meu nome é Leandro Isaias, sou Arquiteto formado à 2 anos e no momento estou fazendo uma Pós Graduação em Gerenciamentos de Empreendimentos da Construção Civil na Universidade Mackenzie.
Estou enviando este pois estou fazendo meu Trabalho de Conclusão de Curso, cujo o Tema é sobre Empreendiemntos Comerciais do setor de Varejo e a atuação da Arquitetura como colaborador. Tenho encontrado muita dificuldade para encontrar bases e referências bibliográficas para que eu possa dar um bom andamento na pesquisa,e lendo seu blog deu pra perceber bem que vc domina o assunto, por isso, pensei que posso contar com vc para me indicar algum material. Seu blog é super completo e interessante, mas alguns temas das postagens não entram no tema da minha pesquisa. Se vc puder me ajudar fico mto grato.
Qualquer material que trate do assunto irá me ajudar muito.

Desde já, muito obrigado e Parabéns pelo seu conhecimento em Arquitetura de Varejo.

Leandro Isaias
leandro.isaias@gmail.com

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

Unknown disse...

Gostei do seu post. Muito interessante. Sou arquiteta, formada desde 96. Mas ultimamente tenho me sentido minha distante da arquitetura. Talvez até mesmo por conta de ser um universo aparentemente muito glamoroso e pouco focado nos fatos práticos. Mas também esse é um comentário pontual e pessoal. Não deixa de ser uma critica a arquitetos e clientes, E me incluo nisso. Creio que este é um assunto que deveria ser discutido muito e a fundo pelos arquitetos, não só os novos mas também os que já estão no mercado a muito tempo. Reconheço também que quando vc se foca no "projeto" em si, vc desfoca um pouca das questões técnicas da obra. Até porque não é vc que vai executar. Mas no meu cotidiano procuro manter meus prazos, olhar as necessidades dos clientes, ouvi-los, e busca uma solução junto a quem vai executar sempre que possível. É um projeto a muitas mãos. Mas ainda não me sinto valorizada por isso. As vezes, receio, que seja eu mesma que não me dê o devido valor. Mas mudar, ouvir novas opiniões, inquerir, buscar é sempre necessário. Esse é nosso modo de reconstrução.
obrigada pelo post.

Unknown disse...

http://www.ritakmoreno.blogspot.com/2011/11/1-o-que-e-e-como-vejo-arquitetura.html

caso você se interesse em saber algo mais de como eu penso.